O SONHO DE JOÃO-I

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O SONHO DE JOÃO-I

João adormeceu logo ao deitar depois de um dia de muito trabalho no escritório de contabilidade do qual era proprietário. Fora um dia muito difícil, com muitos clientes para atender, muitos telefonemas, enfim, um dia de muito estresse. João era uma pessoa muito querida, pois tratava a todos com educação e carinho não distinguindo nunca uma pessoa da outra por nenhum motivo. Podia-se dizer que João era um ser espiritualizado. Tinha como religião o espiritismo ao qual se dedicava com muita firmeza de atitudes seguindoà risca os princípios Kardecistas.

Logo que a matéria de João relaxou, o espírito se libertou e viajou embora preso ao corpo pelo cordão prata denominado Liame, pois se esse fosse cortado João desencarnaria.

Na sua viagem João chegou a um lugar muito limpo e iluminado, com muitos ambientes diferentes. Algumas salas eram enormes e arejadas, com muitas cadeiras, mesas e estantes, todas brancas, dispostas de forma muito organizada, dando a entender que se tratava de um ambiente de estudo. Reinava um grande silêncio em todas as salas.

Ao continuar sua investigação João percebeu que havia outras salas onde existiam cadeiras dispostas uma atrás da outra e um Quadro muito grande onde se podia escrever com um pincel que estava disposto numa base retangular abaixo do Quadro. Deduziu que se tratava de uma sala de aula.

João descobriu também outros locais iguais a esse, embora um pouco menores, mas com certeza eram salas de aula.

Ao sair do interior do local João ficou muito surpreso com o imenso pátio e o lindo e perfumado jardim que circulava o prédio. Nunca tinha visto nada igual em toda a sua vida. Aquele local com certeza era uma escola de gente rica, pois pelo que ele entendia só alguém muito rico poderia usufruir todo aquele conforto que, indiscutivelmente, não era coisa de pobre.

Mas qual não foi a surpresa de João quando um homem muito alto, todo de branco, com uns livros nas mãos, se acercou dele e o cumprimentou convidando-o a entrar na sala maior onde João tinha visto o grande Quadro com um pincel de escrever.

João, muito humilde, respondeu:

– Não, obrigado. O Senhor está enganado. Eu não sou daqui, não entendo como cheguei nesse lugar, mas já estou indo embora. Sou um homem pobre e nunca entrei num lugar de rico como esse. Agradeço o convite, mas até logo.

Nesse momento João percebeu que embora quisesse não conseguia andar com seus próprios pés e sair daquele lugar.

Foi aí então que o homem de branco explicou tudo a João da seguinte forma:

– João, (não entendia como sabia seu nome), você é o convidado especial para a palestra que vai se realizar aqui essa noite. Você se encontra num lugar que corresponde a uma universidade terrena aqui denominada Colônia Casa do Escritor e eu sou o Professor Vladmir Ynstay. Vim para proferir a palestra de hoje e convidei você porque sei do seu trabalho terreno e confio que ensinará para muitos irmãos o que aprender hoje nesse lugar espiritual de muita paz e luz.

João ficou muito espantado com aquela situação, pois não entendia nada do que estava acontecendo. Percebendo essa incompreensão, o Professor Vladmir Ynstay tratou de dar ao visitante as explicações que ele necessitava:

– Caro irmão, estais num lugar espiritual que se assemelha a alguns lugares materiais que conheces como Universidade. Aqui estudam muitos jovens, alguns desencarnados em busca de sua evolução espiritual e outros encarnados no plano terreno, como você, que se destacam todas as noites de suas matérias carnais e vêm em busca de orientação para suas vidas terrestres aplicando lá os conhecimentos aqui adquiridos. São os Médiuns Missionários, que cumprem missões no orbe terrestre. As aulas aqui têm uma duração diferente das terráqueas, pois o tempo espiritual é mais longo do que o material, assim esses discípulos se preparam ainda muito jovens para desempenharem a contento suas missões junto aos irmãos do planeta Terra. Compreendestes bem o que te falei?

-Sim, respondeu João, pois de forma teórica já tenho conhecimento da existência dos mundos espirituais, mas confesso que estou muito confuso com tudo isso que me está acontecendo. Gostaria de saber por qual motivo fui convidado e trazido hoje a esse lugar que considero tão maravilhoso. Achei que fosse um lugar só para ricos e eu sou uma pessoa pobre, por isso, ainda não compreendi muito bem o motivo da minha vinda aqui.

-Então vou lhe explicar melhor, respondeu o Professor Vladmir Ynstay. Nos planos de nosso Pai Maior para que o planeta terreno se eleve fisicamente e espiritualmente a um grau evolutivo mais alto, está determinado que aconteça uma maior interação entre os homens encarnados e os desencarnados com o objetivo de serem repassados para o maior nímero possível de pessoas os ensinamentos necessários para esse processo de transição planetária.

O avanço do desenvolvimento mediínico dos seres humanos faz parte das estratégias traçadas por nosso Pai com essa finalidade e você é um dos beneficiados com esse avanço. Acompanho de há muito tempo os seus trabalhos espirituais terrenos e analiso suas ações junto aos seus irmãos, pois fui designado pela espiritualidade superior para essa missão. Você vem sendo observado e avaliado não só por mim, mas também por outros irmãos espirituais e chegou o dia em que as suas vindas a esse lugar de estudo se iniciaram. A partir de hoje algumas de suas noites serão nesse lugar assistindo as palestras dos grandes mestres espirituais para que possa levar o seu aprendizado a muitos irmãos carentes e interessados em evoluir, mas que ainda se encontram com os olhos vendados pela ignorância que predomina no planeta onde resides. Serás um semeador de sementes do bem em teu planeta e terás todas as condições para realizar a atua missão. Não te preocupes com mais nada, pois tudo já foi providenciado para que nada atrapalhe a tua missão.

João, ainda confuso, indaga:

-Mas como poderei realizar tamanha tarefa espiritual se as minhas necessidades materiais ainda são tão prementes? Tenho esposa e dois filhos dos quais preciso cuidar, alimentar, custear os estudos, e para isso tenho a minha profissão que ocupa muito do meu tempo e sempre me deixa exausto ao fim do dia. Não compreendo como cuidar de todas essas atribuições ao mesmo tempo.

O Professor responde calmamente:

– Meu filho, não desperdices tuas energias com essas questões, pois como já te disse antes, tudo isso já está providenciado. Só precisas acreditar e confiar em Deus e na espiritualidade superior que os fatos vão se desenrolando de uma forma tão planejada, tão organizada e acompanhada pelas forças superiores que cumprirás tua missão sem nem perceberes. Posso até adiantar que já estais a cumpri-la desde sempre e nem sentias o que estava te acontecendo. A tua vinda aqui é para despertar a tua consciência e te subsidiar com instrumentos espirituais que ainda não conheces. Sempre que aqui compareceres, ao acordares pela manhã nem te lembrarás do que se passou, mas tudo estará guardado em tua consciência para que utilizes no tempo certo. Vês como não procede a tua angístia e ansiedade? Tens que confiar em nós, mentores espirituais. E agora, estais melhor? A palestra já vai começar e essa é a primeira de muitas das quais participarás.

-Sim, respondeu João, estou entregue nas vossas mãos e nas mãos de Deus.

Dirigiram-se os doisà sala grande onde, para surpresa de João, haviam centenas de pessoas sentadas em profundo silêncio aguardando a palavra do palestrante. O Professor Vladmir Ynstay iniciou sua fala apresentando João aos outros alunos, esclarecendo quem ele era e porque se encontrava ali.

Palestra do Professor Vladmir Ynstay.

Bem meus irmãos, hoje falaremos sobre um tema de grande significado para todos os seres, mas ainda pouco exercitado na sua integridade.

A fé.

A palavra fé é demasiadamente pronunciada entre os seres humanos, mas quantos deles compreendem realmente o que significa esse termo tão simples? Aqueles que aderiram a uma determinada religião e a propagam como sendo a melhor de todas costumam dizer que têm fé, mas não é exatamente isso que observamos nos nossos irmãos.

Em quais momentos da nossa vida mostramos a fortaleza da nossa fé?

Sim, porque é muito fácil ter fé num Deus que me dá tudo que eu preciso, que atende a todos os meus pedidos, não é verdade?

Mas e quando esse mesmo Deus começar a negar o que eu peço e as coisas já não forem mais tão boas como eram antes? A minha fé continua mesmo assim ou fica abalada pelos sofrimentos que passarei? Será tão fácil agora como era antes acreditar e louvar esse Deus? E quando os sofrimentos vierem aos borbotões em forma de doenças, pobreza, o que farei com a minha fé e com o meu Deus, o renegarei e o abandonarei?

Pois é exatamente isso que observamos na grande maioria de nossos irmãos, uma fé que se abala ao primeiro e menor dos obstáculos que lhes surgem na vida. Nesse momento Deus deixa de ser o porto seguro e passa a ser o causador de todas as atribulações que os afetam e aí, nesse Deus não confiam mais, perdem a fé. E aí lhes pergunto, essa era uma fé verdadeira? Claro que não.

Muitas pessoas dizem que não têm fé em Deus porque não encontram provas de sua existência. E será que Deus precisa provar sua existência para que se acredite nele?

A fé verdadeira se concretiza na compreensão, resignação e aceitação dos obstáculos que surgem nos caminhos do ser humano. Se, ao ter que enfrentar sofrimentos de toda ordem, material, sentimental, financeira, etc., mesmo assim você entender e aceitar de forma resignada as determinações divinas compreendendo-as como formas de redimir erros cometidos em vidas pretéritas ou mesmo na atual, aí sim, a fé é real e irrefutável, mas se ao contrário, você passar a duvidar de Deus e blasfemar contra ele porque ele não está satisfazendo seus desejos então a fé nunca existiu, era só uma farsa para enganar a si mesmo e aos outros, porque a Deus você nunca engana.

Portanto meus irmãos, procurem dentro de vocês a fé que é capaz de persistir aos maiores obstáculos que surgirem em suas vidas e a cultivem e a fortaleçam sempre com orações e boas ações, pois só assim Deus a reconhecerá em você.

João acordou pela manhã com um pouco de dor de cabeça e uma sensação de ter passado a noite viajando, mas não lembrava por onde. Naquele dia ao chegar ao escritório juntou todos os seus funcionários e orou junto com eles pedindo a Deus que lhes ajudassem a desenvolverem dentro de si a verdadeira fé, e isso passou a ser um hábito no ambiente de trabalho de João.

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