Para a maioria das pessoas, é muito difícil entender a vida quando se trata de enfrentar grandes problemas de saíde. Sobretudo aquelas enfermidades que levam a criaturaà chamada vida vegetativa.
A pessoa perde o domínio das funções fisiológicas e se torna dependente em todos os sentidos.
Necessita de quem a alimente, faça a higiene, troque de posição. E, em muitos casos, não pode sequer se expressar, dizendo o que deseja, porque a fala está comprometida.
Quando somos jovens e cheios de saíde, é comum pensarmos que se algo assim nos acontecer, preferimos mil vezes morrer. Avisamos aos parentes que não desejamos viver em tais condições. O melhor mesmo é que providenciem a nossa morte com uma injeção, um medicamento qualquer.
É difícil imaginar alguém cheio de vida e movimento, de repente, se transformar em um ser paralisado, em um leito de hospital.
Para toda a família, os primeiros momentos parecem uma tragédia. Entretanto, para todos aqueles que já vivenciaram situação semelhante, o significado de uma experiência dessas é de grande valia.
Convivendo com um paciente totalmente dependente, repensamos a própria vida. Que somos, afinal?
Seres extremamente frágeis. Basta um pequeno acidente vascular cerebral para nos transformar em criaturas desprovidas de movimento, fala ou expressão. É uma lição de humildade.
É lição que nos diz que a vida é o bem mais precioso, que devemos preservar com muito cuidado.
Que devemos valorizar todos os momentos com os nossos entes queridos, não deixando por motivo algum de externar o nosso afeto em abraços, carícias, ternura. Porque poderá chegar um dia em que desejaremos fazer tudo isso, e já não poderemos.
Para aquele que sofre a restrição dos movimentos e ainda padece dores, é importante descobrir o quanto é amado. Porque somente quem ama de verdade se recordará de cercar o enfermo de conforto e carinho.
De trocá-lo de posição na cama, a fim de que não se canse. De colocá-lo em uma cadeira, se possível, e levá-lo para passear, mesmo que as suas expressões pareçam de apatia e indiferença.
Quem ama, não deixará de falar ao dependente enfermo do sol, das flores do jardim, da chuva generosa que chega no final da tarde. Não deixará de abrir as janelas para que a brisa penetre e, no cair da noite, as estrelas venham visitar o ser amado com sua luz.
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Se você está muito enfermo, não deseje a morte. Aproveite a vida que lhe resta. Reaprenda a sentir alegria com os sons da natureza.
Se estiver de todo impossibilitado de se mover, tente apertar a mão que o acaricia e o toca. Assim você estará manifestando a sua gratidão pelos cuidados que recebe.
Se você é aquele que esquece de si mesmo em benefício de outrem, enfermo e dependente, agradeça a Deus pela oportunidade de ser, na Terra, os braços e pernas do seu afeto. Os olhos que veem a beleza, os ouvidos que ouvem e os braços que envolvem.
Porque, em qualquer circunstância, é sempre mais feliz aquele que dá do que aquele que precisa receber.
Redação do Momento Espírita.
Em 26.10.2012.