A dor não tira férias – Pedro Camilo 0/5 (1)

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Contribuição de Ivando Ramos

A dor não tira férias

Temos aprendido a compreender e respeitar os nossos confrades do Movimento Espírita,em suas opções de condução de suas tarefas,sobretudo pela compreensão de que,por sermos pessoas diferentes,tendemos a expressar essa diversidade,também,no modo como conduzimos nossa compreensão e vivência espírita,dentro e fora das Instituições.

Contudo, apesar disso, não podemos nos furtar,vez ou outra,de externar nossa despretensiosa opinião sobre aspectos da realidade que,talvez,precisem ser revistos e reavaliados,aqui e acolá.

Um desses pontos, que consideramos de reflexão urgente,é o hábito encontrado em certos agrupamentos de estabelecer “férias coletivas” das tarefas espíritas,especialmente,em fins de dezembro e no mês de janeiro de cada ano,por conta das férias de verão.

Compreendemos,sem dúvida,que todos temos necessidade de lazer e descanso;que é importante estar com a família,principalmente com os filhos adolescentes ou crianças em cujo entretenimento a participação dos pais é de suma importância;que,por vezes,em atenção a tais necessidades,são precisas viagens mais longas ou estadias em cidades praianas,ainda que próximas do lugar onde moramos;que,enfim,há compromissos sociais a que se deve dar a devida importância,como reflexo natural da nossa condição circunstancial de encarnados.

O ponto da questão é que,em função disso,há Casas Espíritas que,verdadeiramente,fecham suas portas, suspendendo todas as atividades, por um mês ou mais. Tal prática,a nosso ver,não só prejudica o bom funcionamento das tarefas espirituais a que nos vinculamos,como também ignora que “a dor não tira férias”!

O que fará aquele frequentador que possui seu drama individual,sem que possa ser atendido em seu momento de desequilíbrio e necessidade espiritual? Terá condição de pedir “férias” aos conflitos? Negociará, gentilmente, com obsessores,pedindo que lhe dêem uma trégua?

Claro que,com isso,não pretendemos que abdiquemos de nosso lazer e da convivência sadia com os familiares,nos momentos em que as férias favorecem a distração,o refazimento e o estreitamento de laços afetivos. Entretanto,considerando a necessidade da constância da própria tarefa e as demandas daqueles que são nosso “público alvo” (os sofredores de ambos os planos),precisamos garantir um funcionamento mínimo da Casa Espírita, de modo a que os misteres espirituais não sofram solução de continuidade.

Nesse passo,ainda que grande parte da equipe de trabalhadores da Instituição esteja comprometida com os festejos de verão,certamente, haverá aqueles que,por conta de compromissos profissionais ou outros,poderão manter as portas do Centro abertas,ainda que não funcione em toda a sua plenitude.Palestras doutrinárias,passes e atendimento fraterno, por exemplo,podem ser articulados e mantidos,embora seja preciso suspender outras atividades por falta de “quem faça”.

O importante,em todo caso,é lembrar que Deus e os Amigos Espirituais não tiram férias de nós,nem a dor e o sofrimento tiram férias daqueles que vivem sob o seu jugo. Será mais fraterno,de nossa parte,garantir um funcionamento mínimo da Casa Espirita,permitindo a encarnados e desencarnados a continuidade do refrigério que buscam e encontram em nossos modestos recursos e,com cuja colaboração, contam para encontrar a própria paz.

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