Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente e atual conselheiro da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro
Da trilogia espírita de novelas da autora Elizabeth Jhin, a que mais deixou saudades está sendo “Além do Tempo”, encerrada no último dia 14, conforme revelam seus elevados índices de audiência. As incursões anteriores da autora pelo mesmo tema, tais como Escrito nas Estrelas (2010) e Amor Eterno Amor (2012), deram a ela a experiência necessária para não cometer maiores equívocos. Jhin fugiu das ciladas comuns em tais enredos, investiu na fantasia e caprichou na escolha de um elenco primoroso, cativando o grande público com os exemplos e a naturalidade da Lei de Causa e Efeito através da reencarnação.
A autora trouxe para um horário de difícil audiência, no final da tarde, quando muitos estão em trânsito no retorno aos seus lares, a inovação de mostrar duas novelas em uma. A primeira parte, que se passava no século 19, encantou pelo romantismo, rivalidades e reconstrução de época, tudo de forma impecável. Teve começo, meio e fim, para dar lugar a um recomeço, com os mesmos atores, mas novas experiências no tempo atual.
Sem saber dos traumas, amores e ressentimentos trazidos de outras vidas, os personagens do século 21 também ganharam o coração do público. A ideia era mostrar que podemos ter uma nova chance de consertar os erros anteriores, ainda que não saibamos conscientemente muito do que aconteceu na vida passada. Como dizia Chico Xavier, “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.
Enquanto os protagonistas tentavam entender de onde vinham os sentimentos, dores e amores dessa vida, o público sabia exatamente o motivo de tantos tormentos. A estranha dor de Melissa (Paolla Oliveira) remetia à morte trágica de dois séculos atrás, a “alergia” de Massimo (Luis Mello) ao casamento vinha da experiência conturbada com sua louca família do passado. Isso sem falar dos romances e reencontros inexplicáveis (para eles, não para telespectadores fiéis). O último capítulo, endereçado a corações fortes, não decepcionou. E a mensagem final, gravada na voz de Chico Xavier, trouxe a lembrança emotiva e sempre atual das bem aventuranças.