Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente por três gestões da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedrp
Quem observa de perto o comportamento dos animais, sabe – ou desconfia – que eles podem ver os espíritos em outro plano, que nós não percebemos. É o caso, por exemplo, de cavalos que se negam a avançar ou recuar diante de obstáculos invisíveis aos nossos olhos, por mais que seu condutor se esforce para fazê-los andar. Ou dos gatos que, de repente, rosnam e ficam todos eriçados sem nenhuma provocação aparente. Isso sem falar nos cães que começam inesperadamente a latir em determinada direção onde não há ninguém. Nessas ocasiões eles podem estar sendo influenciados pela percepção de um ou mais espíritos, que podem ser do bem ou do mal.
O escritor e filósofo espírita J. Herculano Pires conta que em determinada família era hábito de um senhor de idade chegar em casa já tarde, sentar-se na sua cadeira de balanço e tirar os sapatos para relaxar. Como um ato contínuo, seu amigo e fiel cão ia ao quarto e lhe trazia os chinelos. O tempo passou e esse senhor faleceu. Algum tempo depois, essa família estava reunida na sala quando se percebeu uma repentina mudança de comportamento no cão, que demonstrava muita alegria sem nenhum motivo aparente. . O impressionante é que o animal se dirigiu ao quarto do antigo dono e, trazendo os chinelos, depositou-os no lugar de costume, diante da cadeira de balanço. Surpresos e emocionados, os familiares se entreolharam e perguntaram: será que ele está ali? Obedecendo aos rigores do método racional, podemos dizer apenas que o ocorrido sugere que, de fato, o espírito do senhor desencarnado esteve lá, tendo a sua presença percebida pelo cão.
Outro fato semelhante é contado por Allan Kardec na Revista Espírita, de junho de 1860. Um homem morrera há oito meses e sua família, na qual se encontravam três irmãs médiuns, evocava-o quase diariamente com a ajuda de uma Cesta de Ouija (antigo instrumento de comunicação com os espíritos, hoje em desuso no moderno Espiritismo). Cada vez que o espírito comparecia, seu cãozinho de estimação saltava sobre a mesa e vinha cheirar e brincar com a cesta, dando pequenos latidos. A primeira vez que isto ocorreu, o espírito escreveu através da cesta: “meu bravo cãozinho está me reconhecendo”.
E até a Bíblia tem uma passagem em que a mula que conduzia um profeta chamado Ballaão empacou em determinado local da estrada e não deu mais um passo, de jeito nenhum. Ela estava vendo um anjo que obstruía o caminho e que inicialmente quisera tornar-se visível só para o animal. Números 22:23-25. (Números é o nome bíblico pelo qual, geralmente, é conhecido o quarto livro de Moisés. Relata as viagens, peripécias e experiências dos israelitas no deserto).