Carlos A. Baccelli / Odilon Fernandes
“Para que um espírito possa se comunicar, é necessário, entre ele e o médium, relacionamento fluídico que não se estabelece sempre instantaneamente; não é senão a medida que a faculdade se desenvolve que o médium adquire, pouco a pouco, aptidão necessária para entrar em relação com o primeiro espírito que chegue”. (“livro dos médiuns”, Segunda Parte, Cap.XVII, Item 203, Edição IDE)
O desenvolvimento da mediunidade é lento e progressivo. Não basta que o médium entre em contato com os espíritos, para que se considere médium desenvolvido.
Como todas as faculdades humanas, a mediunidade requer tempo para aperfeiçoar-se.
Diríamos que o médium desencarna e não consegue completar o seu desenvolvimento mediúnico, visto que a mediunidade é um sentido que permanece em evolução no espírito alem da morte.
A grande maioria dos medianeiros espíritas da atualidade está simplesmente colhendo experiências para tarefas futuras, que serão chamados a cumprir.
Qual acontece entre dois ou mais amigos, a “intimidade mediúnica” entre os espíritos comunicantes e o médium de que se utilizam é construída paulatinamente.
Mesmo que haja prévio conhecimento em vidas pregressas, a afinidade entre o espírito e o médium carece de tempo para restabelecer-se a nível de consciência.
Os espíritos necessitam saber até onde podem confiar no medianeiro, e vice versa. E isto, porque muitos companheiros da mediunidade recuam ante o serviço que os espera.
É natural, portanto, que os primeiros comunicados de um espírito por determinado médium deixem a desejar. É natural que somente com o tempo o médium vá se identificando melhor com o espírito ou com os espíritos que tencionam valer-se de suas faculdades.
Muitos espíritos, quando se apresentam aos médiuns, não revelam a própria identidade, preferindo permanecer no anonimato. Não raro, apenas no mundo espiritual os medianeiros saberão de sua ligação afetiva com os espíritos com os quais trabalham.
De maneira geral, os espíritos que se aproximam de um médium para uma tarefa significativa têm com ele compromissos de outras vidas, e esses compromissos são cármicos, ou seja, exigem reparação.
Por outro lado, se o médium entra, periodicamente, em contato com espíritos de reconhecida idoneidade espiritual, isto não quer dizer que esses Espíritos Benfeitores estejam sempre ao seu lado… Os Espíritos Superiores podem fazer-se representar, junto dos médiuns, através de outros Mensageiros que lhes tomam o nome.
O médium em desenvolvimento carece de despreocupar-se totalmente com o nome do espírito que esteja a manifestar-se por seu intermédio. Com o tempo, se considerar útil, o espírito haverá de identificar-se, de forma total ou parcial.
Muitos medianeiros, excessivamente preocupados com o nome dos espíritos que se expressam através deles, caem no ridículo, porque se expõem mais facilmente aos espíritos que dão mais valor ao rótulo que ao conteúdo.
Portanto, de início, seja no exercício desta ou daquela mediunidade, que o médium de preocupe em afinar o seu instrumento mediúnico para que os espíritos, sejam eles quais forem, possam manifestar-se com proveito.
A identidade do espírito, embora importante, é de importância relativa no que tange ao nome, de vez que essencialmente o espírito se revela pelo teor do seu pensamento, como arvore que se identifica através dos frutos que produz.
Se o candidato ao desenvolvimento da própria mediunidade não tiver calma e perseverança, dificilmente a sua mediunidade será produtiva; ela aparecerá. Ensaiará os primeiros resultados e “desaparecerá” em seguida, porque o próprio medianeiro não se interessou em cultivá-la, esquecendo-se de que tudo pede tempo para firmar-se…
Que os médiuns improdutivos não se queixem de suas faculdades ou dos espíritos que as utilizam; queixem-se de si mesmos, porque todo médium bem intencionado que persiste no exercício mediúnico acabará por atrair a simpatia dos espíritos em condições de dar-lhe as alegrias que almeja.
Livro: Somos todos médiuns
Carlos A. Baccelli / Odilon Fernandes
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