Contribuição de Nelson Costa
NA CRUZ
Alçado ao madeiro infamante
No suplício do derradeiro instante
Jesus agoniza.
As lágrimas invadem o rosto de Maria,
E em aflitivas interrogações não entendia
Que espécie de justiça o homem muitas vezes utiliza.
Os discípulos mostram-se ausentes.
O amparo vem do olhar reluzente
Da mãe, confortada pelo evangelista João.
Duas almas em desalento.
Maria solta a voz no acalanto do vento
E abre-se em flor seu coração:
___”Meu filho amado”!
Pedaço de meu sonho mutilado,
Ausência que me aflige de temores.
Externando sua coragem ante incrédulos e ateus
E testemunhando sua perfeita comunhão com Deus
Replica Jesus no auge de tantas dores:
___Mãe! Eis que tens a teu lado um filho!
Não te recolhas às sombras de triste exílio
Enxugue este doloroso pranto.
___Filho!, Eis aí tua mãe! Compreenda,
Os desígnios do Pai Supremo e atenda
À solicitude deste momento tão santo!
Aquele quadro de divina moldura
Traduzia um ensinamento de extrema ternura:
O amor incondicional.
A extensão dos afetos transcende o círculo familiar
E somente um coração enternecido do verdadeiro amor pode abrigar
À todos, fraternalmente, como um grande ideal