Confidenciar é fazer com que os outros participem conosco de segredos, que o cuidado deve acompanhar.
E, em se falando das coisas espirituais, a revelação é progressiva e todos os dias se comunica, pretendendo-se que o ouvinte ou leitor somente assimile aquilo que realmente suporte.
As leis são elásticas.
Em cada dimensão evolutiva, ela se reveste, tomando diretrizes compatíveis com cada alma ou cada povo.
A prudência no falar é nota harmoniosa por demais necessária, tanto para quem transmite, quanto para quem ouve.
Ser comedido na comunicação é saber filtrar as ideias e direcionar bem os pensamentos, pois é através da palavra que nos fazemos entendidos e desenvolvemos o dom maravilhoso do verbo.
Falar é tão sagrado como comer, estudar, vestir, amar e sorrir.
É uma música partindo de nós para os outros.
Devemos torná-la melodia agradável aos ouvidos dos semelhantes e às sensibilidades mais profundas das almas.
Se quereis ser úteis nas confidências, vigiai, para que os gritos não participem da vossa palavra.
E se ainda encontrais dificuldades em condensar o que dizeis e harmonizar o que falais, esperai um pouco, pensai bastante no amor, despertai a alegria, mesmo que seja forçada.
As vezes a confidência bem orientada desatrela ideias que alimentamos há muito tempo, cultivando-as como certas.
E a aproximação de alguém, que fala conosco, induz a razão a abrir prisma novo, para sentirmos melhor o caminho que deveremos tomar.
Ao falar e escrever devemos ter cuidados especiais nas colocações dos adjetivos, pois eles expressam nossas ideias e comunicam de vez as nossas intenções.
A mente alheia é um campo imenso de emoções, onde as ideias surgem como sementes caídas em solo fecundo.
E, ainda mais, costumam dar guarida às ideias exteriores, como grãos que poderão igualmente nascer, com a participação dos frutos, a quem ofereceu as sementes.
Eis a responsabilidade do transmissor de notícias, daquele que fala às massas e do que confidencia ao pé do ouvido dos seus iguais.
E dos escritores.
A área da mente das criaturas é fermentada todos os dias, por turbilhões de estímulos, seus e dos outros, capazes de fazê-los convergir para a paz, como atear fogo no seu íntimo, ardendo em cadeia como se fosse um verdadeiro inferno, bem maior que o de Dante.
A palavra é uma lâmina de gilete ou uma navalha, que embelezam o rosto para sorrir, como podem, em mãos inábeis, fazer chorar de dor.
O verbo exercido por espírito evoluído é qual água pura oferecida ao sedento.
É fonte inesgotável que a vida esqueceu de estancar, por misericórdia.
Aprendamos, pois, a conversar com quem possa nos ouvir, procurando sentir suas mais profundas necessidades e tocando-as de leve, de modo que a alma se encoraje para as lutas de cada dia, de maneira que o espírito se conforte nas conversações e as suas forças se renovem no intercâmbio magnético, que se processa pela fraternidade.
Usemos a vigilância como emblema em todas as comunicações que porventura tivermos com os outros, para que não as tornemos maledicências, deturpando, assim, os bons princípios dos outros.
Falar é sagrado, e falar bem é divino.
– 88 – Já pensastes na vossa responsabilidade se, ao vos aproximar de uma indústria da qual vivem milhares d.
e famílias,pelo trabalho digno de centenas de homens e, por vingança ou brincadeira, provocardes um curto-circuito nas instalações? Pois essa mesma calamidade poderá acontecer, por invigilância ou maldade da vossa língua, provocando um curto-circuito psíquico na alma de quem vos ouve.
E a mente em perturbação põe em perigo todo o corpo, disseminando veneno por todos os centros de força e, em muitos casos, até atingindo dezenas ou mesmo milhares de pessoas que participam de vosso convívio.
A fala é uma sublimação do espírito.
É uma conquista que somente o tempo consagrou pela vontade de Deus.
No entanto, saber falar condignamente é participação nossa.
Cada som que articulamos carrega consigo o timbre daquilo que somos e voltará a nos.
por justiça, com outro igual.
Granjeemos amigos, confidenciando coisas.
Todavia, jamais esqueçamos de convidar Jesus para participar das nossas conversações.