Nas Asas da Liberdade – Shyrlene Soares Campos

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            Contribuição de Antonio Celso Poltronieri

Eu fui portadora de paralisia cerebral, ouvia e tinha visão normal, mas a voz presa na garganta não expressava todas aquelas frases que eu gostaria de proferir e não conseguia.

Sabia que era bela porque todos diziam: tão bonita e paralítica.

Com o tempo a passar as pessoas se habituam com a nossa presença silenciosa e dizem o que desejam de forma natural, mas descaridosa.

Quantas vezes ouvi minha querida mãezinha dizer, se não fosse ela eu poderia ter aproveitado melhor a vida, não posso viajar, passear, minha vida é uma rotina pesada.

Quando ela me olhava eu sorria sufocando as lágrimas. Eu não queria ser um peso, queria também poder pelo menos pegar com as mãos um copo com água, pentear meus cabelos.

Eu era realmente um fardo. Era acariciada pelas amigas de minhas irmãs que conversavam livremente. Como eu não podia falar, era uma arca de segredos que me
assustavam.

Mas seria possível uma moça praticar atos tão reprováveis?

Eu via minha mãe enganada por palavras não verdadeiras e sentia uma enorme pena de toda minha família. Uma vida de aparências e nada mais além das confidências que
impiedosamente me faziam, e eu sorria totalmente sofrendo dentro do coração.

Fui observando as sucessivas quedas, sofrimentos e mágoas…

O tempo passava lentamente para mim e em turbulência para meus familiares. Fui acusada de ser responsável pela amante que meu pai optou por substituir minha bela
mamãe.

Tive uma gripe forte, com distúrbios intestinais, uma abençoada pneumonia e a morte.

Sei que me amavam, mas sei também que foi um grande alívio que chegou tarde demais.

Tem oito anos que me encontro na colônia Legião dos Servos de Maria. Para lá fui transportada para reequilibrar meu perispírito, pois fora suicida em vidas passadas.

Abençoados sejam todos que amparam uma criança deficiente. Nós possuímos a lucidez e nada podemos fazer para retribuir a dedicação que nos oferecem.

Nossa dor é infinda, machuca tanto, portanto, cuidado, tenham caridade ao falar porque os deficientes escutam e sabem quando são amados, ou um pesado estorvo no âmbito familiar.

Ficarei por algum tempo no plano espiritual. Não recebo preces de minha mãe, nem de minhas irmãs, elas devem achar que eu habito com os anjos por ter vivido sem pecados. Só que pesados pecados dormiam comigo naquela cama de paralítica. Mas eu agradeço de todo coração o sacrifício de minha mãezinha.

Perdoe-me, mãezinha, por não ter permitido que minha prova não tenha lhe permitido ser feliz.

Pétala no Chão
Mensagem recebida por psicofonia, pela médium Shyrlene Soares Campos, no Núcleo Servos Maria de Nazaré – Uberlândia-MG

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