Um caso de fidelidade canina até o após morte – Pedro Fagundes Azevedo

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            Pedro Fagundes Azevedo, ex-presidente e atual conselheiro da Legião Espírita de Porto Alegre Contribuição de Pedro

Há cerca de dois anos, vários jornais gaúchos deram grande destaque a um típico caso de fidelidade canina, ocorrido no município de São Pedro do Sul, que se prolongou até o após morte. O episódio teve inicio, segundo contou a enfermeira Nair Matias, quando a ambulância do Samu foi deslocada para socorrer em casa um idoso que morava sozinho e passava mal. O cachorro do paciente seguiu o veículo até o hospital da cidade, onde depois ocorreria o óbito e dali não mais se afastou. Embora os familiares do seu falecido dono tenham várias vezes levado o animalzinho de volta para casa, ele retornava sempre que surgia uma nova oportunidade.
O caso lembra o filme Sempre ao Seu Lado com o ator Richard Gere. Trata-se da história de um cão que costumava esperar seu dono todos os dias, na estação ferroviária. Depois que o personagem de Gere faleceu, o animal permaneceu em frente à estação até morrer. E lembra também uma outra história bem mais antiga, conforme consta na Revista Espírita de junho de 1860, publicação francesa que tinha a direção de Allan Kardec. Um homem morrera há oito meses e sua família, na qual se encontravam três irmãs médiuns, evocava-o quase diariamente com a ajuda de uma Cesta de Ouija (antigo instrumento de comunicação com o mundo espiritual, hoje em desuso no moderno Espiritismo). Cada vez que o espírito era chamado, seu cãozinho de estimação, ainda Ivo, saltava sobre a mesa e vinha cheirar e brincar com a cesta, dando pequenos latidos, A primeira vez que isto ocorreu, o espírito escreveu através da cesta: meu bravo cãozinho está me reconhecendo.
Algo semelhante poderia estar acontecendo com o cachorro de São Pedro do Sul. Não dá para afirmar, mas de alguma forma, ele sentia a presença de seu antigo dono que talvez ainda andasse por ali, sem saber que já morrera. Francisco Xavier, através de seus livros mediúnicos, mostra que o outro lado da vida é muito parecido com o lado de cá. Há muitas semelhanças entre os dois planos. É por isso, penso eu, que muitos espíritos não sabem ou não conseguem entender que já morreram. São aqueles que acreditam que ao morrer irão para o céu, o purgatório ou o inferno, ou então, que a morte irá apagá-los até o Dia do Juízo Final. Vêm as pessoas, tentam falar com elas, mas as pessoas não lhes percebem. Os animais, entretanto, principalmente cães, gatos e cavalos podem sentir e interagir com as presenças espirituais.
A maioria das pessoas desconhece, mas uma das atividades dos centros espíritas é o esclarecimento desses espíritos desorientados. Numa sessão espírita, através do médium, o doutrinador conversa com o espírito visitante, explicando-lhe sua nova realidade. Todo o grupo reza por ele, pedindo as bênçãos de Jesus para que se reequilibre e compreenda sua situação, sendo o espírito depois levado para uma das muitas moradas da casa do Pai (Evangelho de João, 14,1-2), onde a vida continua. Assim, diante da morte, a atitude dos que ficam do lado de cá deve ser de respeito, serenidade e, acima de tudo, preces de acordo com a sua religião ou suas crenças.

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