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Um relacionamento infantil insatisfatório com a faÂmilha, particularmente em referênciaà própria mãe que se apresente castradora ou se torne superprotetora, terÂmina por impedir o desenvolvimento psicológico sauÂdável do indivíduo, que estabelece um mecanismo de timidez a fim de preservar-se dos desafios que o surÂpreendem a cada passo.
Submetido a uma situação constrangedora por impositivo materno, que não lhe permite espaço para autenticidade, sente-se castrado nas suas aspirações e necessidades, preferindo sofrer limitação a assuÂmir atitudes que lhe podem causar mal-estar e afliÂções. Por outro lado, superprotegido, sente anulada a faculdade de discernimento e ação, toda vez que defronta uma situação que exige valor moral e coraÂgem.
Refugiando-se na timidez, disfarça o orgulho e o medo de ser identificado na sua impossibilidade de agir com segurança, protegendo-se das incomodidades que, inevitavelmente, o surpreendem.
Como consequência, o desenvolvimento da libido faz-se incompleto, dando nascimento a limitações e reÂceios infundados quantoà própria atividade sexual, o que se pode transformar em conflito de maior profunÂdidade na área do relacionamento interpessoal, assim como na auto-realização.
A timidez pode apresentar-se como fenômeno psicológico normal, quando se trata de cuidado ante enfrentamentos que exigem ponderação, equilíbrio e decisão, dos quais resultarão comprometimentos graves no grupo social, familiar, empresarial, de qualquer ordem. Poder-se-ia mesmo classificá-la como um mecanismo de prudência, propiciador de reflexão necessária para a adoção de uma conduta correta.
Igualmente, diante de situações e pessoas novas, em ocorrências inesperadas que exigem uma rápida resposta, temperamentos existem que se precatam ti
midamente, sem que haja, de forma alguma, exterioriÂzação patológica na conduta, tornando-se, portanto, normal.
Todavia, quando se caracteriza como um temor quase exagerado ante circunstâncias imprevistas, proÂduzindo sudorese, palpitação cardíaca, colapso periféÂrico das extremidades, torna-se patológica, exigindo conveniente terapia psicológica, a fim de ser erradicaÂda ou diluída a causalidade traumática, através de cujo método, e somente assim, advirá a superação do proÂblema.
O indivíduo tímido, de alguma forma, é portador de exacerbado orgulho que o levaà construção de comÂportamento equivocado. Supõe, inconscientemente, que não se expondo, resguarda a sua realidade conflitiva, impedindo-se e aos outros impossibilitando uma idenÂtificação profunda do seu Self. Noutras vezes, subestiÂma-se e a tudo aquilo quanto poderia induzi-lo ao cresÂcimento psicológico,à aprendizagem, a um bom relaÂcionamento social, e torna-se um fardo, considerando que as interrogações que poderia propor, os contatos que deveria manter, não são importantes. Na sua óptiÂca psicológica distorcida, o que lhe diz respeito não éimportante, tendo a impressão de que ninguém se inteÂressa por ele, que as suas questões são destituídas de valor, sendo ele próprio desinteressante e sem signifiÂcado para o grupo social. A timidez oculta-o, fazendoÂo ausente, mesmo quando diante dos demais.
De certo modo, a timidez escamoteia temperamenÂtos violentos, que não irrompem, produzindo distírbiÂos externos, porque se detêm represados, transformanÂdo-se em cólera surda contra as outras pessoas,às veÂzes contra si próprio.
É de considerar-se que essas são reações infantis, face ao não desenvolvimento e amadurecimento psicoÂlógicos.
Nesse quadro mais grave, o conflito procede de experiência pretérita, que teve curso em vida passada, quando o paciente se comprometeu moralmente e asfiÂxiou, no silêncio íntimo, o drama existencial, que emÂbora desconhecido das demais pessoas, se lhe gravou nos recessos do ser, transferindo-se de uma para outra reencarnação, como mecanismo de defesa em relação a tudo e a todos que lhe sejam estranhos. No íntimo, o orgulho dos valores que se atribui e a presença da culÂpa insculpida no inconsciente geraram-lhe o clima de timidez em que se refugia, dessa forma precatando-se de ser acusado, o que lhe resultaria em grave problema para a personalidade.
A timidez é terrível algoz, por aprisionar a esponÂtaneidade, que impede o paciente de viver em liberdaÂde, de exteriorizar-se de maneira natural, de enfrentar dificuldades com harmonia interna, compreendendo que toda situação desafiadora exige reflexão e cuidaÂdo. Uma vida saudável caracteriza-se também pela ocorrência de receios, quando se apresentam probleÂmas que merecem especial atenção.
Como todos desejam alcançar suas metas, que são o sentido existencial a que se afervoram, a maneira cuiÂdadosa e tímida, não agressiva nem precipitada, expresÂsa oportuno mecanismo de preservação da intimidade, da realidade, do processo de evolução.
A ausência da timidez não significa presença de saíde psicológica plena, porque, não raro, outros algoÂzes do comportamento desenham situações também críticas, que necessitam ser orientadas corretamente.
Nesse sentido, a extroversão ruidosa, a comunicaÂbilidade excessiva, constituem fenômeno perturbador para o paciente que pretende, dessa maneira, ocultar os seus sentimentos conflitivos, desviando a atenção da sua realidade para a aparência, ao mesmo tempo diluindo a necessidade de valorização, por saber-se conhecido, desejado, face ao comportamento irrequieÂto que agrada ao grupo social com o qual convive.
Realizando-se, por sentir-se importante, descarreÂga os medos na exteriorização de uma alegria e jovialiÂdade que não são autênticas.
Observando-se tal conduta, logo se perceberá uma grande excitação e preocupação em agradar, em chaÂmar a atenção, em tornar-se o centro de interesse de todos, dificultando a comunicação natural do grupo. Esse tipo de exibicionismo é pernicioso, porque o paciÂente distrai os outros e continua em tensão permanenÂte, o que se lhe torna um estado normal, no entanto, enfermiço.
A timidez pode ser trabalhada também, mediante uma auto-análise honesta, de forma que o paciente deva considerar-se alguém igual aos outros, como realmenÂte é, nem melhor, nem pior, apenas diferente pela esÂtrutura da personalidade, pelos fatores sociais, econôÂmicos, familiares, com os quais conviveu e que o moÂdelaram. Ademais, deve ter em vista que é credor de respeito e de carinho como todas as outras pessoas, que tem valores, talvez ainda não expressados, merecendo, por isso mesmo, fruir dos direitos que a vida lhe conceÂde e lhe cumpre defender.
Toda fuga leva a lugar nenhum, especialmente no campo emocional. Somente um enfrentamento saudáÂvel com o desafio pode libertar do compromisso, ao invés de transferi-lo para outra ocasião, em que lhe seÂrão acrescidos os inevitáveis juros, que resultam do adiamento, quando, então, as circunstâncias serão diÂferentes e já terão ocorrido significativas alterações.
Uma preocupação que deve vicejar no íntimo de todos os indivíduos, tímidos ou não, é que não se deve considerar sem importância ou tão significativo que lhe notarão a presença ou a ausência.
Assim, uma conduta tranquila, caracterizada pela autoconfiança e naturalidade nas várias situações proÂporciona bem-estar e conquista da espontaneidade.
Joana de Ângelis – Psicografado por Divaldo franco