Joanna de Angelis
O problema do julgamento das aparências, das atitudes do próximo e da pessoa em si mesma é sempre um cometimento ingrato, para quem se coloca na condição de juiz.
Exceção feita aos nobres togados pelas leis de cada país, encarregados da delicada quão difícil tarefa de exercerem a Justiça entre os homens, a fim de preservarem a ordem, a moral e a dignidade humana, pois a ninguém mais compete à insensata posição de julgador.
As ocorrências observadas são sempre resultado de acontecimentos desconhecidos.
Julgar um sucesso, quando este eclode, tomando uma posição apriorística, não deixa de ser precipitação em área perigosa.
Quem julga, naturalmente se crê em condição de absolver, quanto de condenar.
Para tal cometimento ser-lhe-iam necessárias estrutura moral e autoridade, decorrentes de uma vivência exemplar.
Os dados de que se dispõem nos julgamentos das atitudes alheias são sempre deficientes, e a alta carga emocional da simpatia ou antipatia pessoal responde pela apreciação do que se examina com benignidade ou rudeza.
O erro é sempre desvio de rota.
Dependendo da pessoa que nele incide, há que se considerar fatores que escapam, de natureza sócio-psicológica, econômica, moral, espiritual.
Quando explode uma situação ou alguém delinqüe, justo que se tenham em mente as raízes do problema que estruge, lamentável.
Atitude ideal será sempre a do amor.
A mulher adúltera, apresentada a Jesus pelo farisaísmo hipócrita, antes que uma pecadora, era vítima em si mesma, que derrapara na insensatez por vários motivos que a infelicitavam…
A traição de Judas resultou de ser ele um Espírito débil e obsesso que, inobstante o carinho do Mestre, não conseguiu vencer a própria pusilanimidade.
A dúvida contumaz de Tomé decorria da fragilidade dos seus valores espirituais em torno da reflexão e da fé.
Não foram julgados pelo Senhor, antes amados e ajudados com carinho, a fim de que não voltassem a reincidir, sendo outras vezes infelizes-infelicitadores.
Os julgamentos sobre o comportamento do próximo, antes de pretenderem ajudar, degeneram na maledicência que pretendem denegrir.
Não há lugar para essa situação perniciosa no coração do discípulo do Cristo.
O que vês suceder nem sempre é conforme se te ocorre.
Não precipites, portanto, apontamentos.
Melhor será que concedas um crédito de confiança e tenhas em bom conceito quem não os merece, pois que, se te defraudar a si mesmo se engana, do que negando oportunidade e ajuda a quem te parece sem valor, no entanto, é credor de confiança e respeito.
Quanto possas, evita que o julgamento dos pérfidos te apresente uma imagem negativa do teu irmão, desconhecido, armando-te contra ele.
Acautela-te daqueles cuja boca vã somente te envenena o coração e te perturba a mente, técnicos em acusações, pessimismos e acrimônias, muitas vezes disfarçados, habilmente sutis mas, de qualquer forma, cruéis, perniciosos.
Não julgues e sê generosos com todos, embora a recíproca não te seja outorgada.
Área perigosa, a do julgamento.
Unge-te de amor pelos ingratos, os fracos, os caídos, os delinqüentes, os desditosos, os perversos, nossos irmãos necessitados de fraternidade, pois que com a medida com que os julgares, assim também serás julgado e como os receberes também Nosso Pai de misericórdia te receberá.
(Divaldo Pereira Franco por Joanna de Angelis. In: Oferenda).