Disse Jesus:
“Se estiveres fazendo tua oferta diante do altar e te lembrares
de que um teu irmão tem contra ti alguma coisa, deixa ali tua
oferta e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão; depois, então,
volta a fazê-la.
Concerta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás
posto a caminho com ele, para que não suceda que ele, o
adversário, te entregue ao juiz e que o juiz te entregue ao ministro
e sejas mandado para a cadeia.
Em verdade te digo que não sairás
de lá enquanto não pagares o último ceitil”.
(Mateus, 5:23 a 26.
)
A oferta sacrifical era um ato de fé largamente praticado pelos
judeus, pelo qual buscavam alcançar a remissão de seus pecados.
Julgavam suficiente o sacrifício de inocentes ovelhas, cabras
ou novilhos, para obter esse favor, ignorando fosse preciso, a seu
turno, agir com bondade em relação ao próximo.
Jesus, entretanto, aponta-nos a inutilidade de toda e qualquer
prática devocional, quando feita sem a necessária tranquilidade de
consciência.
Deus é Amor e, com sentimentos ou propósitos inamistosos no
coração, é impossível entrarmos em sintonia com Ele ou
recebermos a graça de seu perdão.
Assim, sempre que nos sintamos ofendidos por alguém, em vez
de lhe censurarmos o procedimento com terceiros, o que nos
cumpre fazer é entendermo-nos direta e francamente com nosso
ofensor.
É bem provável que não tenha tido a intenção de magoarnos
e que seus esclarecimentos satisfaçam-nos plenamente.
De
qualquer maneira, é sempre mais correto dirimirem-se atritos e
dificuldades, agindo dessa forma, do que dando-se livre curso à
maledicência.
Se, ao contrário, nós é que defraudamos um irmão, temos a
obrigação moral de, como cristãos que pretendemos ser, fazer-lhe
a devida restituição e pedir-lhe que nos desculpe; ou, se o
agravamos, afetando-lhe a honorabilidade, buscar as pessoas às
quais demos informações falsas ou maldosas a seu respeito, e
retirá-las quanto antes, confessando humildemente nosso erro.
Quem, por orgulho, se esquive a essa reconciliação, poderá ser
surpreendido pela morte, em débito com a Lei de Harmonia que
preside às relações dos homens entre si, e, obrigado, então, a
responder em “Juízo” pela inobservância dessa Lei, não escapará
à “prisão” das reencarnações expiatórias, eis que “a cada um será
dado segundo as suas obras”.
A Justiça Divina, no entanto, é rigorosamente perfeita e não
exige do devedor mais do que ele deve.
Afirmando: “não sairás da cadeia enquanto não pagares o
último ceitil”, Jesus deixa claro que não há pecados irremissíveis,
nem, por conseguinte, condenação eterna.
Nossas dívidas, por maiores que sejam, expressam-se por um
valor determinado, têm um limite e, desde o instante em que
paguemos “o último ceitil”, já não ficaremos devendo nada e,
pois, seremos postos em liberdade, o que vale dizer, seremos
novamente senhores de nosso destino, podendo, trabalhados por
essa amarga experiência, caminhar com mais segurança, rumo à
felicidade reservada a todos os filhos de Deus.