NÃO JUREIS – Rodolfo Calligaris – O Sermão da Montanha 5/5 (1)

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Igualmente ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás

falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
Eu,

porém, vos digo, que absolutamente não jureis, nem pelo Céu,

porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o assento de

seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.

Nem jurarás pela tua cabeça, pois não podes fazer que um cabelo

teu seja branco, ou negro; mas seja o vosso falar: Sim, sim; Não,

não; porque tudo o que passa disto é de procedência maligna.


(Mateus, 5:33 a 37.
)

O juramento, sabem-no todos, é a invocação de Deus por

testemunha da verdade daquilo que se afirma.
Pode ser, também,

como o empenho de alguma coisa em garantia de uma promessa

que se faça.

Trata-se de um costume antiquíssimo, introduzido na vida

social por causa da desconfiança que os homens sempre tiveram,

uns dos outros.

Os judeus haviam sido proibidos, pelas leis de Moisés, de jurar

falsamente.
Jesus, porém, sempre estendendo e aprofundando

essas leis, proíbe terminantemente todo e qualquer juramento,

tanto assertório como promissório, apresentando, como razão para

isso, nada possuirmos, realmente nosso, que possa ser oferecido

para a validação de nossa palavra.

De fato, se tudo pertence a Deus, se todos os nossos bens,

inclusive nossa existência, são meros empréstimos da Providência

que poderemos ser forçados a devolver a qualquer momento,

como jurar, por isto ou aquilo, que cumpriremos tal ou qual

compromisso?

Jurar por Deus, sobretudo, é o que menos o cristão deve fazer,

pois, se estiver sustentando uma verdade, ela se imporá por si

mesma, sem que o santo nome do Altíssimo precise ser envolvido

na questão, e, suposto o contrário, então estará cometendo uma

blasfêmia ou um perjúrio, com o apresentar Deus como prova de

uma mentira.

Ademais, o juramento afigurasse-nos uma prática totalmente

inútil, porquanto, quem não se envergonhe de mentir, também será

capaz de jurar falso.

Recomendando: “Seja o vosso falar: Sim, sim; Não, não”,

Jesus estabeleceu, para os seus discípulos, uma norma austera de

procedimento que torna desnecessária qualquer espécie de

juramento.

Significam essas palavras que nos devemos esforçar por fazernos

acreditados apenas pela nossa boa reputação, evitando,

mesmo em circunstâncias sérias e graves, invocar o testemunho

de Deus para garantir o cumprimento de nossas promessas ou a

veracidade de nossas palavras.

Encerram, ainda, formal condenação ao mau uso da língua, ou

seja: à calúnia, à impostura, às frases lisonjeiras, aos mexericos,

às críticas maldosas, às evasivas, à dubiedade, aos exageros,

enfim, a qualquer manifestação verbal que não corresponda à

realidade ou aos verdadeiros sentimentos do coração, porque tais

coisas “são de procedência maligna”.

Sejamos, pois, na linguagem, como em tudo na vida, leais,

sinceros, justos e verazes.
Se assim procedermos, estaremos

ajudando a erradicar do mundo as inúmeras formas da mentira,

que tantos males têm causado à Humanidade.

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