Viver é um enorme desafio.
Mas conviver parece ser bem maior.
Vivemos um tempo assinalado por desgastantes conjuntos de ideias, nos quais o entrechoque de opiniões, muitas vezes, degenera para conflitos inúteis e embates estéreis.
Quando nos permitimos esse confronto de natureza ideológica, via de regra, saímos feridos, machucados.
Igualmente machucando.
Velhos amigos, ao constatar estarem em polos opostos, se digladiam nesse ou naquele terreno da política de César, permitindo que os desacordos invadam o canteiro fecundo do saudável convívio, escurecendo as águas com o lodo da agressividade.
Ainda imaturos no jogo das ilusões, nos deixamos arrastar por aparências, como se o veículo orgânico fosse uma morada eterna, que o tempo não pode vencer.
Em meio a um campeonato de insensatez e delírio emocional, olvidamos os valores essenciais da vida para ofertar sentido àquilo que é passageiro.
As passarelas do mundo exibem os ídolos de barro, brilhando agora e logo após derrubados pelo tempo, implacável dominador de homens e mulheres.
Sim, viver é um enorme desafio, mas conviver parece ser bem maior.
Até quando prestaremos tributo à vaidade?
Até quando nos faremos escravos da própria imagem, ignorando a essência que somos?
Quando administraremos o controle das próprias emoções?
* * *
Guardemos estes breves instantes para uma reflexão mais profunda.
O que está por trás desse desejo de impor nossas opiniões a qualquer custo?
Por que nos decepcionamos tanto quando percebemos que os outros não pensam exatamente como nós?
Por que a nossa verdade tem que prevalecer?
Questionemos e reflitamos.
Não tenhamos receio de mudar de visão, de alterar os hábitos ou mesmo de dizer que estávamos errados.
Por que será que encontramos pessoas tão diferentes de nós pelo caminho? Por que, mesmo buscando sempre os afins, e muitas vezes querendo a comodidade dos que concordam conosco, ainda trombamos com opositores, adversários, estranhos?
Sabedoria da vida, sabedoria das leis de Deus que enxergam nisso a possibilidade de aprendizado.
Conviver é matéria de ensino avançado, ou como se fala popularmente: Saber conviver bem é uma arte.
Exige dedicação, exige paciência, persistência e autoconhecimento.
Mas, aprender uma arte traz sempre seus muitos benefícios.
Quem se dedica com alma à música, por exemplo, será presenteado, depois de algum tempo, com a possibilidade de escutar melodias saindo de si.
Quem estuda canto, ouve melhor e sabe apreciar mais os encantos dos belos sons.
Quem aprende a arte de conviver vive um pouco mais em paz do que aqueles que ainda se debatem por aí, lutando contra tudo e contra todos.
Quem entende a arte da convivência pratica a caridade sem saber, pois é capaz de ouvir, capaz de compreender e de perceber que não somos detentores da verdade absoluta.
Somos meros observadores de uma noite estrelada, num canto qualquer do planeta, crendo que estamos contemplando toda a dimensão do Universo sem fim.
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem
do Espírito Marta, psicografia do médium Marcel Mariano,
em 10.
8.
2022, em Salvador, Bahia.
Em 20.
10.
2022