O oitavo mandamento prescreve: “não furtarás”.
Proíbe, assim, que nos apoderemos de coisa alheia sem
consentimento do dono dela.
Incrimina, igualmente, todo e
qualquer processo fraudulento, como as falsificações, as trapaças,
as sonegações, os lucros exorbitantes, a falta de exatidão em pesos
e medidas etc.
, de que possamos valer-nos para subtrair, em nosso
proveito, aquilo que é de outrem.
Jesus, aprimorando essa regra de conduta, acrescenta: “Dá a
quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe
emprestes”.
(Mateus, 5:42.
)
Em Lucas (6:30, 34 e 35), o ensinamento é ainda mais
expressivo: “Dai a todo o que vos pedir, e ao que tomar o que é
vosso, não lhe torneis a pedir.
Se emprestardes àqueles de quem
esperais receber, que merecimento tereis? Até os pecadores
emprestam uns aos outros, para que se lhes faça outro tanto.
Emprestai, sem esperardes nada: grande será a vossa
recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que faz bem aos mesmos
que lhe são ingratos e maus”.
Com essas palavras, o Mestre deixou claro que, para sermos
cristãos autênticos, é insuficiente não cometermos furtos nem
defraudarmos o nosso próximo.
Temos de deixar de ser avarentos
e egoístas, servindo com boa vontade aos que nos batam à porta,
premidos por uma necessidade qualquer, sem daí esperarmos
nenhuma vantagem ou retribuição.
Não se trata de dar indiscriminadamente a quantos apelem para
a nossa caridade.
Muitos existem que esmolam por vadiagem e
sem-vergonhice.
A esses, nossas dádivas farão mais mal do que
bem, porquanto irão contribuir para que se mantenham na
ociosidade, quando bom seria que se vissem obrigados a trabalhar,
não só para que se aliviassem os encargos da sociedade, como
principalmente para que eles, os profissionais da mendicância,
adquirissem o necessário sentimento de dignidade pessoal.
Essa cautela, todavia, precisa ter limites; não deve traduzir-se
em negativas sistemáticas, nem em devassas na vida alheia.
Em caso de dúvida quanto à veracidade dos que alegam estar
em situação difícil, cedamos ao impulso do coração, e ajudemos
como e quanto pudermos.
É melhor errar, beneficiando a quem não merecia, do que errar,
deixando de acudir a um verdadeiro necessitado.
Na primeira hipótese, a responsabilidade perante Deus é de
quem nos ilaqueou a boa-fé; na segunda, é nossa.
Outrossim, guardemo-nos de escorchar os que de nós se
socorram, exigindo-lhes juros que não possam pagar senão
diminuindo o pão à mesa.
Abstenhamo-nos, também, de qualquer
violência contra os que não possam restituir-nos o que lhes
houvermos emprestado.
Se assim agirmos, sendo benignos com o próximo,
mereceremos ser chamados filhos do Altíssimo e grande será o
nosso galardão no Reino dos Céus.