Não é preciso ser muito versado em Psicologia para verificar
que todas as ações humanas obedecem a um móvel, isto é, são
determinadas por um ideal ou um desejo mais intenso.
Aquilo que o indivíduo coloca em primeira plana na vida
exerce tal influência em sua conduta que, consciente ou
inconscientemente, seus pensamentos, sua conversação, seus
hábitos etc.
, entram a girar em torno desse alvo, e todos os seus
passos para ele convergem.
Por conhecer essa lei é que Jesus nos recomenda: “buscai
primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça” (Mateus, 6:33),
querendo com isso significar que os cristãos devem colocar os
valores espirituais acima de tudo, pois na aquisição deles é que
havemos de encontrar a verdadeira felicidade.
Lamentavelmente, são poucos, ainda, os que vivem pelos ideais
superiores.
Em geral, o que os homens querem e buscam sofregamente é o
reino da terra mesmo.
Para amealhar fortuna que lhes proporcione, depois, uma
vivência faustosa e sem cuidados, ou conquistar destaque social
que lhes lisonjeie o orgulho, não há incômodos, esforços, nem
sacrifícios que não estejam dispostos a enfrentar.
Alguns, para conseguir esse objetivo utilitário, não hesitam em
empregar processos ignominiosos: exploram o serviço dos
semelhantes, organizam trustes e monopólios nefandos,
engendram conciliábulos políticos, descem, enfim, a todas as
vilanias e torpezas, sem atender a qualquer reclamo da própria
consciência.
Esses tais avaliam o êxito na vida pela conta-corrente que
tenham nos bancos ou pela posição adquirida na sociedade, e, em
sua grosseira materialidade, consideram que seria uma desgraça
verem-se privados desses elementos.
Esquecem-se, entretanto, de que, ao transporem as aduanas da
morte, não só deixarão aqui os seus queridos tesouros, como ainda
terão de responder, perante a Justiça Divina, pelos meios que
empregaram para acumulá-los!
Olvidam, igualmente, que o prestígio mundano é algo de todo
inútil no “lado de lá”, onde os que se exaltam aqui na Terra serão
humilhados, e os que são adulados poderão ser escarnecidos,
senão relegados ao horror das trevas que o egoísmo houver
adensado em volta de suas almas!
Compenetremo-nos, pois, de que tudo aquilo que só serve para
a existência terrestre é mera vaidade, e, seguindo o conselho do
Mestre, porfiemos no bem, para merecermos a glória de tornarnos
súditos do “Reino de Deus”.