“Não queirais julgar, para que não sejais julgados, pois com
o juízo com que julgardes, sereis julgados, e, com a medida com
que medirdes, vos medirão também a vós.
” (Mateus, 7:1 e 2.
)
As palavras acima constituem confirmação inequívoca de uma
Lei Universal denominada pelos hindus como a lei do carma, e
por várias correntes espiritualistas como a lei de causa e efeito,
segundo a qual cada alma “colhe os resultados de sua própria
semeadura”, ou, em outros termos, “sofre a reação de sua própria
ação”, e isto de forma exata, precisamente como operam os
princípios da Matemática ou da Química.
Aliás, o fundador do Cristianismo teve ensejo de referir-se mais
de uma vez a essa velha concepção da Justiça Divina,
emprestando-lhe, assim, foros de absoluta veracidade.
Vale a pena, pois, conhecê-la.
A lei do carma ou de causa e efeito, dizem seus mais
conspícuos expositores, é automática em suas operações, não
sendo possível a ninguém defraudá-la ou escapar-lhe às
consequências.
Por ela, todo o bem praticado, isto é, tudo quanto
contribua para a evolução e a felicidade de todos, traz alegria e
gozo espiritual, enquanto todo o mal realizado, ou seja, tudo
quanto impeça o desenvolvimento, as boas relações e o bem-estar
da Humanidade, acarreta necessariamente o oposto: lágrimas e
sofrimentos.
Esse gozo ou esse sofrimento, entretanto, não são propriamente
“prêmio” ou “castigo”, conforme ensinam os sistemas teológicos,
mas apenas o resultado de uma Lei Natural que age no sentido de
fazer com que o homem se conduza com retidão, conscientemente
e por vontade própria, advertindo-o (pela dor) toda a vez que
enverede por caminho errado.
Quando alguém procede com avareza, desonestidade,
intolerância, orgulho etc.
, está preparando para si mesmo um
futuro em que sofrerá o que tem feito sofrer a outros, não porque
Deus se compraza em puni-lo “por causa” de seus erros, mas para
que, experimentando-lhes os funestos efeitos, evite repeti-los,
tratando de corrigir-se.
Reincidindo neles, experimentará um
sofrimento ainda mais agudo, até que saiba viver segundo a Regra
de Ouro, “fazendo ao próximo o que deseja que lhe façam”.
Os atos de violência, a crueldade e os homicídios produzem no
envoltório fluídico do agente, pelo choque de retorno, uma
laceração tanto mais dolorosa e prolongada quanto maior a
gravidade das causas e o poder das forças em ação, repercutindo,
de renascimento em renascimento, em doenças nervosas, tiques,
deformidades e até em casos de loucura.
A embriaguez, a luxúria, a devassidão, enfim, toda sorte de
vícios, conduzem os que se comprazem em cultivá-los a corpos
débeis, enfermiços, desequilibrados e sem beleza, para que
aprendam a não mais abusar das forças vitais.
As expiações, por conseguinte, são um incentivo para que o
homem desenvolva as virtudes cristãs e adquira o gosto pelas
ações retas e justas, e, porque o são, têm de ser cumpridas
rigorosamente, de nada valendo as intercessões e as suplicações
de quem quer que seja.
O simples arrependimento, ainda que sincero e profundo, não
é suficiente para livrar alguém da repercussão de seus maus atos;
é realmente um fator muito importante na reforma do caráter
pessoal, mas a isso deve seguir-se a reparação, ou seja, o
devotamento e o bem-fazer em favor daqueles a quem se haja
prejudicado, ou, então, uma nova vivência, altruísta, a traduzir-se
em realizações de amor puro, solidariedade humana e sacrifício
do próprio “eu”, a bem dos semelhantes.
Poderá parecer que nem sempre os homens bons recebem da
vida aquilo a que fazem jus, pelas suas boas ações, e que nem
sempre, também, os maus indivíduos são castigados pelos males
que causam.
Puro engano.
Essa consequência, positiva ou negativa, se nem
sempre se manifesta imediatamente ou de forma que se torne
pública e notória, é inexorável, infalível! Mesmo que tarde anos
ou séculos, seja nesta existência ou em outras posteriores, a Lei
do Carma dará “a cada um conforme as suas obras”, eis que o
equilíbrio cósmico da Justiça não poderá ser quebrado, jamais.