Foram árabes nômades, os Nabateus, que elegeram construir a cidade de Petra, em meio a canyons rosados e rochas de arenito.
A localidade deve ter sido escolhida pela proximidade das rotas comerciais entre a Península Arábica e Damasco, na Síria.
Toda a cidade é construída em pedra.
Calcula-se que duzentos anos foram necessários para a edificação das casas, templos, teatro, tumbas.
As ruínas foram descobertas no século XIX e atraem turistas do mundo todo.
A imponência das construções causa admiração.
O teatro, por exemplo, construído no estilo romano, tinha capacidade para sete mil espectadores.
As ruínas do que teria sido um luxuoso SPA, com piscinas de água quente, fria, sofisticado sistema de aquecimento, causa espanto.
Não menos extraordinários os reservatórios e filtragem de água, canais, abastecendo a cidade o ano inteiro.
Contemplando tanta engenhosidade, trabalho artístico, urbanismo e os cuidados com a segurança, cogitamos como algo tão espetacular desapareceu nas areias do tempo.
A História registra que entre os anos 64 e 63 a.
C.
, os territórios Nabateus foram conquistados pelo General Pompeu e anexados à República Romana.
O domínio do império romano, com uma forte pressão econômica, gradualmente fez com que o comércio dos Nabateus entrasse em declínio.
No século III Petra não estava mais nas rotas comerciais, e sua economia ficou cada vez mais decadente.
Porém, o que determinou o fim da cidade foram dois terremotos nos séculos IV e VI, que a destruíram.
Nesse momento, ela foi abandonada.
* * *
A História da Cidade rosa, como também é conhecida, nos leva a meditar como tudo na Terra é impermanente.
Impérios, soberanias, monumentos estupendos, luxo e poder, tudo perece.
E acompanhamos a poesia do filósofo francês Léon Denis quando descreve:
Vi, deitadas em suas mortalhas de pedra ou de areia, as cidades famosas da Antiguidade.
Cartago, em brancas elevações, as cidades gregas da Sicília, os arredores de Roma, com os aquedutos partidos e os túmulos abertos.
Vi os túmulos que dormem um sono de séculos, debaixo das cinzas do Vesúvio.
Vi os últimos vestígios das cidades longínquas, outrora formigueiros humanos, hoje ruínas desertas, que o sol do Oriente queima com suas carícias ardentes.
Evoquei as multidões que se agitaram e viveram nesses lugares.
Eu as vi desfilar, diante do meu pensamento, com as paixões que as consumiram, com seus ódios, seus amores e suas ambições.
Também com seus triunfos e reveses.
Tudo consumido pelo sopro dos ventos.
* * *
Somos Espíritos imortais.
Vivamos como tal.
Tudo passará mas, quando chegar a nossa hora de partir, permita-nos Deus que possamos levar uma boa bagagem conosco.
Que possamos dizer que nossa passagem pelo mundo não foi estéril.
Que contribuímos para diminuir ao menos uma dor; que esclarecemos ao menos uma inteligência em busca da verdade.
E que tenhamos reconfortado ao menos uma alma vacilante e angustiada.
Pedra, concreto, grandes monumentos podem ser apagados pelo tempo.
Nós, Espíritos imortais, providenciemos nossa preciosa bagagem.
Redação do Momento Espírita, com base em documentário
a respeito da cidade jordaniana de Petra e na introdução do
livro Depois da morte, de Léon Denis, ed.
FEB.
Em 23.
3.
2023.