165 – DUELO
O duelo pode ser considerado como um caso de legítima defesa?
Não, é um homicídio e um hábito absurdo, digno dos bárbaros. Com uma civilização mais avançada e mais moral, o
homem compreenderá que o duelo é tão ridículo, como os combates que se consideraram outrora como o julgamento de
Deus.
O duelo pode ser considerado como um homicídio da parte daquele que conhecendo sua própria fraqueza está mais ou
menos seguro de sucumbir?
É um suicídio.
E quando as chances são iguais, é um homicídio ou um suicídio?
É um e outro.
Em todos os casos, mesmo naqueles em que as chances são iguais, o duelista é culpável, primeiro porque ele atenta
friamente e de propósito deliberado contra a vida do seu semelhante, em segundo lugar, porque expõe a própria vida
inutilmente e sem proveito para ninguém.
Qual é o valor daquilo que se chama o ponto de honra em matéria de duelo?
O orgulho e a vaidade, duas chagas da Humanidade.
Mas não há casos em que a honra se encontra verdadeiramente empenhada e em que um recuo seria uma covardia?
Isso depende dos costumes e dos usos, cada país e cada século têm aí um modo de ver diferente. Quando os homens
forem melhores e mais avançados em moral, eles compreenderão que o verdadeiro ponto de honra está acima das
paixões terrestres, e que não é matando ou se fazendo matar que se repara um erro.
Há mais de grandeza e de verdadeira honra em se confessar culpado quando se errou, ou em perdoar quando se tem
razão, e, em todos os casos, em desprezar os insultos que não podem nos atingir.
Do Livro: “O Livro dos Espíritos”