Algumas falas de Jesus nos soam estranhas, mesmo depois de dois milênios transcorridos.
Por exemplo, Amai os vossos inimigos continua sendo algo que parece impossível.
Como podemos amar a quem nos faz mal, a quem nos maltrata, a quem tem prazer em nos causar problemas?
No entanto, devemos convir que se o Mestre de Nazaré prescreveu, é possível.
Foi com um casal simpático que aprendemos um interessante exercício para chegarmos a esse amor.
Dizia o seu Eduardo, não é um amor amorzão.
É um amorzinho de quem não deseja o mal para os outros.
É um tipo de paciência com o erro do outro, sem querer o mal para ele.
Para a esposa, que andava com muita raiva da vizinha, ele disse que conhecia uma técnica de aprender a amar.
Ante a surpresa dela, explicou:
Primeiro, é preciso amar a nós mesmos.
Ninguém que não se ama compreende o que é amar os outros.
Isso é fácil, interrompeu Joaquina.
Parece fácil, mas não é.
Amar a si mesmo não é praticar o egoísmo.
É descobrir o que nos faz felizes de verdade.
Às vezes, é ir contra os nossos próprios desejos, em benefício de um equilíbrio mais saudável.
Ah, tá, disse ela, impaciente.
E depois?
Aí é hora de amar quem nos ama.
O esforço é pequeno e gratificante.
Num instante a gente percebe o quanto faz bem.
Se a pessoa ama a gente, a gente num minuto ama de volta.
Porém, nem sempre demonstramos.
Às vezes, a gente ama muito, mas demonstra pouco.
Como a gente sabe que ama o outro, ficamos pensando que o outro sabe disso.
Mas demonstrar o amor pelo outro é uma forma muito eficiente de melhorar as relações.
É mais que um “Eu te amo”.
É um carinho, um gesto, um abraço, um cumprimento, um sorriso.
Joaquina ficou pensativa: Amar a si.
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Amar a quem nos ama.
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E quando é que vem a história do inimigo?
Depois de amar quem nos ama, devemos exercitar o amor por quem nos é indiferente: nem a gente ama, nem sente raiva.
É um exercício de descobrir o que o outro tem de bom e aprender a conhecer para criar relações.
É uma boa oportunidade de fazer amigos, de conhecer pessoas e de aumentar o nosso círculo de pessoas queridas.
É como um treino para o sentimento.
A gente vai treinando como amar as pessoas, descobrindo quem elas são e criando laços de amizade verdadeira.
Começa na conversa trivial, depois a gente vai falando de coisas importantes, de pessoas, de nós mesmos.
Quando a gente vê, é capaz de sorrir e de chorar na companhia desses novos amigos.
Aí o amor está feito.
Às vezes, isso leva a vida toda.
Por fim, quando o coração está forte, partimos para o amor aos que consideramos nossos inimigos.
Para isso é preciso compreender que se trata de uma verdadeira disposição de ajudá-los a se tornarem melhores.
Por isso, o coração deve estar treinado no amor, para a gente ajudar de verdade.
– Frisou Eduardo.
*
Importante que compreendamos que todos somos filhos de Deus.
Uns erramos mais e outros erramos menos.
Contudo, um dia, diante da imortalidade inevitável, todos seremos Espíritos puros.
Então, vamos reconhecer a bondade uns dos outros.
Que tal tentarmos esse exercício?
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Amor aos inimigos, de André Siqueira, publicado no
Jornal Mundo Espírita n.
1672, de novembro/2023,
ed.
FEP.
Em 24.
11.
2023