Conta-se que, certa vez, um adestrado catador de caranguejos executava sua tarefa num mangue, quando alguns turistas pararam para observar o seu trabalho.
Era um esforço grande que realizava o homem, todo enlameado.
O que perceberam os observadores é que o catador tinha dois baldes.
Um com tampa e outro sem tampa.
A cada caranguejo que pegava em suas mãos, examinava e concluía: Este é bom, e colocava no balde com tampa.
Ou, Este é ruim, e colocava no balde sem tampa.
Depois de um determinado período, um dos turistas não aguentou a curiosidade e perguntou ao catador de caranguejos porque ele realizava aquela divisão em baldes diferentes, algo que absolutamente ele não conseguia entender.
O trabalhador não se fez de rogado e foi explicando: É simples, muito simples.
Coloco no balde com tampa os caranguejos bons, para eles não fugirem, pois eles têm condições de retornar ao seu local de origem, seu próprio mundo.
Mas os caranguejos ruins não precisam de tampa.
São uns egoístas.
Quando um deles tenta fugir, sair do balde, os outros se agarram nele e o puxam para baixo.
Por isso, com eles não preciso me preocupar.
* * *
Por vezes, em nossas ações, nos comportamos de forma semelhante aos pequenos animais da história.
É quando nos deixamos dominar pelo egoísmo, essa chaga da Humanidade, que deve desaparecer da Terra, pois que compromete o progresso.
O egoísmo é filho do orgulho e é causador de muitos males.
É a negação da caridade e somente tem contribuído para tornar os homens infelizes.
Graças ao egoísmo, o homem tem vivido muito mais para sua própria satisfação do que para o interesse dos demais.
Nas relações conjugais, mais de uma vez surgem questiúnculas porque cada um deseja que o outro ceda, renuncie em seu favor.
Por egoísmo, a esposa não admite ao marido a continuidade de estudos avançados que lhe exigiriam algumas horas a mais, fora do lar, por determinado período.
Por egoísmo, o marido cria obstáculos a voos mais altos da esposa, pois a deseja para si em todos os momentos.
Em nome do egoísmo, irmãos entram em disputas judiciais pela posse de bens perecíveis, destruindo-se mutuamente e infelicitando os pais desencarnados.
Por egoísmo, obras de arte permanecem ocultas a muitos olhos, segregadas em salas fechadas e exclusivas.
Por egoísmo, nos fechamos, impedindo-nos de progredir.
Por causa dele, erguemos altos muros ao nosso redor.
Cerramos as portas do coração e as janelas da alma, não desejando que outros desfrutem da beleza dos nossos jardins ou das riquezas de nossa intimidade.
* * *
Quando os ventos do egoísmo soprarem débeis ou fortes nas veredas das nossas vidas, preservemo-nos da sua ação destruidora, recordando que efêmera é a passagem pela Terra.
Que os únicos bens que realmente nos beneficiarão são os do Espírito, frutos da ação generosa, da divisão e distribuição, do que temos à farta: bens materiais, inteligência, tempo, amor.
Redação do Momento Espírita com base em
artigo publicado no jornal Diálogo Espírita
nº 16, junho/julho de 1998.
Em 8.
1.
2024