Será que a despedida final precisa ser sempre triste e solitária?
Quem já se despediu de um amor, de alguém muito querido, certamente irá dizer que é uma situação muito difícil.
Dependendo do gênero de morte, o instante do adeus se reveste de um ar de tristeza indescritível.
Alguns nunca superam essa experiência, chegando a carregar aquele sentimento em forma de trauma por toda sua vida.
Que tal pararmos para pensar: Precisa ser assim?
Isso está tão arraigado em nossas crenças pessoais e também em nossa cultura que nem sequer pensamos que possam haver outros caminhos, outras formas de encarar esse momento.
No México, por exemplo, o momento da partida é visto como uma libertação de tudo aquilo que não é relevante na vida, uma desconexão das vaidades e das futilidades.
Os cortejos fúnebres são repletos de homenagens a quem está partindo, celebrações com música e comida.
Sem dúvida, existe a tristeza e a saudade, mas outros sentimentos despontam.
Essa forma diferente de encarar a morte é vista também no Dia de los muertos mexicano, talvez a festa mais famosa dessa cultura.
Um dia para lembrar com saudade e alegria todos que partiram.
Em muitas comunidades na África, o funeral é uma cerimônia tão importante quanto um casamento.
Entende-se que, quando alguém morre, a coletividade sente o luto.
Então, divide a tristeza com a família do morto.
Pelo continente africano, encontramos velórios que atraem centenas e até milhares de pessoas em cerimônias, que chegam a durar uma semana.
Familiares, vizinhos e até estranhos se juntam à celebração.
Não há um convite oficial.
Ao receberem a notícia da morte, os que moram perto aparecem para prestar apoio à família, trazer doações e ajudar os enlutados com a enorme lista de afazeres dos funerais.
Com esses exemplos, o que será que poderíamos fazer para começar a mudar um pouco as nossas tradições, por vezes, ainda tão sombrias e solitárias?
Se já entendemos que ninguém morre de verdade, que estamos passando por um momento de transição, o final de um ciclo e início de outro, devemos ser os primeiros a alterar nossa maneira de agir.
Será que, por vezes, não estamos mais voltados à tristeza dos que ficam do que à nova realidade dos que partem?
Para quem são os velórios e os funerais?
Homenagens são tão belas.
Deixar que as pessoas falem, lembrem, abram seus corações.
Deixar que o Espírito que está ali, em processo de desencarnação, receba todo esse carinho num momento tão importante.
Poderá ainda estar fragilizado, o que é natural.
Ou talvez desorientado, precisando de consolo e entendimento.
Eis a nossa chance de amar até os últimos instantes aquele cujo ciclo se findou.
Lembremos: finaliza-se um capítulo, uma história, um nome, um rosto.
A alma segue igual, carregando tudo que viveu conosco.
Os funerais devem se tornar uma celebração da vida.
A vida que deixa o corpo que o Espírito habitara temporariamente, e retorna ao verdadeiro lar para seguir adiante.
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Apenas para seguir adiante.
Redação do Momento Espírita
Em 13.
3.
2024.