Alegria como experiência de religiosidade é um valor que não tem preço. Essa sensação da alma, mais do que qualquer outra coisa, contagia e abranda o coração dos homens.
A maioria das pessoas tem uma visão distorcida da alegria, pois a confunde com festas frívolas e divertimentos que provocam sensações intensas, risos exagerados; enfim, satisfações puramente emocionais.
Aliás, não há nada de errado em ser jovial, bem-humorado, festivo e risonho. Sentir as emoções terrenas inclui-se entre as prerrogativas que o Criador destinou a suas criaturas. Vivenciar a normalidade das sensações humanas é um processo natural estabelecido pelo Mente Celestial.
Talvez as religiões fundamentalistas tenham mesclado as idéias contidas nas palavras alegria e tentação. Na realidade, o Mestre ensinava a seus seguidores que vivessem com alegria. Eu vos digo isso para que a minha alegria esteja em vós , diz Jesus, e vossa alegria seja plena .
A verdadeira alegria está associadaà entrega total da criatura nas mãos da Divindade, ou mesmo a aceitação de que a Inteligência Celestial a tudo provê e socorre.
É a confiança integral em que tudo está justo e certo e a convicção ilimitada nos desígnios infalíveis da Providência Divina.
A palavra aleluia tem origem no hebreu hallelu-yah e significa louvai com jíbilo o Senhor . Tem sido usada como cântico de alegria ou de ação de graças pela liturgia de muitas religiões a fim de glorificar a Deus. A designação sábado de aleluia , utilizada pela Igreja Católica, tem como fundamento a exaltaçãoà alegria, visto que nesse dia se comemora o reaparecimento de Jesus Cristo depois da crucificação.
Viver em estado de alegria é estar plenamente sintonizado com nossa paternidade divina, através das mensagens silenciosas e sábias que a Vida nos endereça.
A entrega a Deus é a base de toda a felicidade. No entanto, o problema reside em algumas religiões que recomendam a entrega não a Deus, mas a mandatários ou representantes divinos , ou mesmo a congregações doutrinárias que impõem obediência e subordinação a seus diretores.
Condutas semelhantes acontecem em seitas ou em grupos dissidentes de uma religião, em que há uma entrega incondicional dos adeptos ao líder religioso e que resulta, inicialmente, numa suposta sensação de alegria e satisfação.
Na realidade, quando existe subordinação na nossa entrega a Deus , ela não pode ser considerada real, pois, mais cedo ou mais tarde, a criatura vai notar que está encarcerada intimamente e que lhe falta a verdadeira comunhão com o Criador.
Viver em estado de graça ou em comunhão com Deus é estar perfeitamente harmonizados com nossa natureza espiritual. É a alegria de repetir com Jesus Cristo: Eu estou no Pai e o Pai está em mim .
A felicidade é um trabalho interior que quase nunca depende de forças externas. Deus representa a base da alegria de viver, pois a felicidade provém da habilidade de percebermos as verdadeiras intenções da ação divina que habita em nós e do discernimento de que tudo o que existe no Universo tem sua razão de ser.
O homem carrega na sua consciência a lei de Deus, afirmam os Espíritos Superiores a Allan Kardec. A lei natural é a lei de Deus e a ínica verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que deve fazer e o que não deve fazer, e ele não é infeliz, senão quando se afasta dela .
Alegria como experiência de religiosidade é um valor que não tem preço. Essa sensação da alma, mais do que qualquer outra coisa, contagia e abranda o coração dos homens.
Ninguém fica feliz por decreto ; sente imensa satisfação apenas quem está iluminado pela chama celeste. Rejubila-se realmente aquele que se identificou com a Divindade e descobriu que a lei natural é a lei de Deus e a ínica verdadeira para a felicidade do homem .
A alegria espontânea realça a beleza e a naturalidade dos comportamentos humanos. Cultivar o reino espiritual em nós facilita-nos a aprendizagem de que a alegria real não é determinada por fatos ou forças externas, mas se encontra no silêncio da própria alma, onde a inspiração divina vibra incessantemente.
(Francisco do Espírito Santo Neto por Hammed. In: Os prazeres da alma) (texto recebido de Cristiano de Almeida)